sábado, 16 de outubro de 2010

Tarso compara campanha de Serra a preparação do golpe de 64


Flavia Bemfica
Direto de Porto Alegre
O governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), disse, na noite desta quinta-feira (14), em Porto Alegre, que, em relação à disputa presidencial, está havendo "uma campanha de golpismo político só semelhante aos eventos que ocorreram em 1964 para preparar as ofensivas" contra o então governo estabelecido.
Diante de cerca de duas mil pessoas que lotavam o Salão de Eventos do Hotel Plaza São Rafael na plenária de mobilização da campanha da petista Dilma Rousseff para o segundo turno da eleição presidencial no Estado, Tarso fez críticas duras aos adversários de Dilma na eleição, avaliando que hoje a ameaça é mais grave, porque inclui a "manipulação da informação com cumplicidade da maior parte da grande imprensa". O governador eleito finalizou seu discurso avaliando que a situação pode "redundar em uma eleição ilegítima", na qual um candidato quer se eleger "com base na mentira, na inverdade, na calúnia e na difamação".
Mesmo sem a presença de Dilma, o PT e os partidos aliados prepararam um grande evento para o que apontam como a "arrancada" da campanha do segundo turno da petista. Nas escadarias, na entrada do prédio e no salão, militantes distribuíam pilhas de adesivos, folders com os 13 compromissos de Dilma e um documento com os principais pontos de organização da campanha no Estado e pré-roteiros das lideranças estaduais até o dia 30 de outubro.
Dentro do salão, na mesa principal, com direito a discurso, estavam, entre os representantes de siglas aliadas, o senador Sérgio Zambiasi (PTB), o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Júnior, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT), que na eleição estadual concorreu como vice do principal adversário de Tarso, o peemedebista José Fogaça, e o deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB). Mendes, que coordenou a campanha de Fogaça, chegou à plenária após passar a tarde em uma tensa reunião do PMDB gaúcho na qual foi decidido indicar ao diretório do partido proposta de apoio ao adversário da petista, José Serra (PSDB), mas respeitando os que preferirem Dilma. Em seu discurso, lembrou à plateia a importância de que peça votos.
Zambiasi, que durante seu discurso foi aplaudido de pé pelo público, também recheou as falas de críticas aos adversários na eleição presidencial. Ele começou sua manifestação respondendo a uma pergunta que ficou em suspense durante toda a campanha. "Tarso, eu votei em ti", declarou. Em seguida, disse que os adversários "fracassaram com os trabalhadores e aposentados". "Não venham agora prometer o que não vão cumprir".
Ao final da plenaria, questionado sobre o fato de Serra ter visitado o Estado antes de Dilma neste segundo turno e de a mobilização dos serristas estar bem mais organizada do que no primeiro turno da eleição, Tarso resumiu: "Não nos atemoriza". Ele também minimizou a definição majoritária do PMDB em favor de Serra. "Foi boa, porque liberou os que preferem a Dilma". Além dos partidos que já apoiam a petista no Rio Grande do Sul, Tarso segue em busca de dissidentes em siglas que, no Estado, preferem Serra, como é o caso do PP. "Já conversei com o Mano Changes (deputado estadual do PP, vinculado aos eleitores jovens) e antes do final da semana vamos falar novamente".
Após a plenária, o governador eleito seguiu para um breve encontro com lideranças evangélicas em outro andar do prédio. Ainda assim, aos jornalistas Tarso disse considerar "superada" a pauta de temas religiosos na campanha. "Nossa agenda é o que fazer para maior distribuição de renda e ampliação dos projetos sociais do presidente Lula". Nesta sexta (15), a partir das 10h30min, Tarso volta a se encontrar com lideranças religiosas, no Encontro do Conselho de Ensino Religioso do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. No domingo os apoiadores de Dilma pretendem realizar um grande ato no Brique da Redenção, tradicional feira de antiguidades e artesanato da Capital que é também cenário de manifestações artísticas e políticas.

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